Monday, March 5, 2007










alheava - inbox

Instalação

2002

Exposição inbox

Projecto fig. N.D

Porto

(com Cristina Alves e Ângela Guimarães)


INBOX

por Cristina Alves

O processo comunicativo desenvolve-se a partir da necessidade de o Homem estabelecer relações. Comunicar significa portanto interagir.

Numa exposição que propõe o diálogo colectivo entre diversos exercícios de mensagem de Cristina Regadas, Manuel Santos Maia, Cristina Alves e Angela Guimarães são inúmeras as interacções aqui deixadas em aberto. De facto, cada um procurou configurar uma dimensão relacional da comunicação a partir de um modo operativo e significativo de trabalhar diferentes linguagens. Se a internet é uma das vias de comunicação mais presentes no nosso mundo actual a correspondência por carta focaliza-nos num tempo histórico com remissão ao passado, mas, em ambos, estabelece-se uma troca de mensagens que implicam uma interdependência entre os interlocutores, isto é, o comportamento comunicativo de uma pessoa depende de uma outra.

O feedback é, portanto, a noção de retorno que permite a um sujeito proceder aos esclarecimentos necessários e a outro autocontrolar a percepção da sua emissão.

O feedback é também um processo de ajuda para a mudança de comportamento – é a comunicação ao outro, no sentido de lhe fornecer informação sobre a forma de como a sua actuação está a afectar as pessoas.

Ora nos trabalhos em questão o que temos é a sugestão deste feedback, é o impulso do acto comunicativo – estabelecer contacto – sem que este esteja completo ou terminado. Através do cruzamento de informações, experiências, conhecimentos e vivências de todos a quem se abre a leitura dos trabalhos em apresentação é-nos proposto observá-los, analisá-los e interrogá-los sem contudo extrair conclusões finais.

Procurando explorar os limites da nossa capacidade de reflexão as mensagens contidas nos trabalhos têm o seu quê de ambíguo e de simbólico, falam-nos de um outro mundo, de um outro sujeito, de um outro objecto, de um outro lugar, e de um outro tempo sem especificações, nem limitações individuais, embora evoquem a esfera pessoal e sejam reportados a uma linguagem particular. A comunicação estabelecida processa-se por meio de complexos sistemas de símbolos – verbais, escritos e não verbais, ela mesma é um processo simbólico, carregado de sentido e de saber, que relaciona os seres comunicadores entre si. Está assim estimulada a transversalidade das mensagens e das leituras que delas podemos fazer.

“Com efeito, é através da comunicação que se consuma quer a relação do homem consigo mesmo, quer a interacção entre o homem e outros homens, quer, ainda, as construções simbólicas com que codifica e descodifica o mundo e que o fazem habitar nas complexas redes de sentido em que se procura orientar.”